26 de mar. de 2012

Uma menina entre as figueiras - De Augusto Cury PARTE 2

O convite era fascinante. Mas nas entrelinhas era um contrato de risco com inúmeras cláusulas. Pagaria com lágrimas cada palavra nele inserida. Mas não se importou, cativada pelo seu Autor, rasgou sua alma e, sem titubear, aceitou.
O convite traria elogios surpreendentes e rejeições "insuportáveis", ganhos solenes e perdas irreparáveis. Perderia seus dois amores. Primeiro o homem que escolheu para construir uma história, depois, o mais forte, o mais avassalador, perderia o filho com o qual construiu a mais bela história de amor.
Jamais uma mulher passara por escolha própria os mais sublimes júbilos e os mais indecifráveis sacrifícios. Se o Eu dela não aprendesse a ser autor da própria história e não plantasse janelas light nos solos de sua memória, não suportaria o inverno existencial que atravessaria.

SEM MANUAL DE REGRAS PARA O EXERCÍCIO DE SUA MISSÃO

Os gestos falam mais do que palavras. Foi o que ela não disse, mas agiu, e isso a tornou a mulher das mulheres. Quando a fé entra, a ciência se cala. O exercício que aqui farei não trata a fé, mas de uma análise de comportamento. Vale a penas entender um pouco essa mulher inteligentíssima. Infelizmente, ela só foi estudada ao longo da história pelo ângulo da religião.
Para ela, se filho era incomum. Como cuidar do menino mais incrível que nasceu na Terra? Que manual de regras usar? Como colocar limites em alguém ilimitado? Como ensinar a contemplar o bailar das borboletas, a musicalidade das ondas, as lágrimas da chuva, ao filho do Arquiteto da Existência? 
O mensageiro partiu sem deixar vestígios. Confio na mente analítica, contemplativa e autônoma dessa adolescente que provavelmente tinha cerca de 15 anos. Sua lua de mel com a vida se esfacelou. Tomando como um fato que as cláusulas do convite, é de se perturbar. Quem entenderia aquela gravidez numa época em que prostitutas corriam o risco de serem apedrejadas? Que explicação daria à sociedade?  Que palavras aquietariam a ansiedade do seu homem? Quem a apoiaria? O mundo desabaria sobre ela. E desabou 

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