14 de mar. de 2012

Uma menina entre as figueiras - De Augusto Cury PARTE 1

Esse texto que escreverei é de um famoso médico, psicólogo, psiquiatra, cientista e escritor, Augusto Cury. Eu não postei esses dias pois estava centrada neste texto - que pessoalmente falando eu a-d-o-r-e-i!
Espero que também gostem meninas! Ele me fez ter uma visão que eu nunca tive, e assim desejo que seja para vocês!  Vou escrever em partes para o texto não ficar muito grande, afinal são 12 páginas.....Ufa!

UMA MENINA ENTRE AS FIGUEIRAS


 O calor agredia a pele e a fome rondava o corpo. Viver era uma arte naquele árido tempo. Uma menina passeava pelas figueiras, observava os rebentos serem abraçados pelo sol e seus diminutos frutos se arredondavam como a lua crescente em noites prateadas. Uma mente contemplativa (mulheres que transformam as pequenas coisas num espetáculo a seus olhos. São psiquicamente privilegiadas e escrevem uma belíssima história emocional. Seus valores são internos.) nascia no seio do deserto. Não tinha muito, mas tinha tudo. Vestes humildes, coração gigante. Transparente, encantava pelo que era, não pelo que tinha. 
A menina cresceu , libertou seu imaginário e se arriscou a viajar para lugares distantes. Não para os confins da Terra, mas para as camadas íntimas do seu planeta psíquico. Bebeu da fonte dos filósofos sem conhecê-los, enamorou-se pela arte da pergunta. Ousada, olhava para o alto e questionava: "Quem é o artesão que construiu as ideias e as plateias?" Quem é o Autor da existência que confeccionou o átomo e o espaço? Quais pensamentos encenam-se no anfiteatro de Sua mente?". Uma menina desenhava as bases de uma mente analítica. 
Cresceu, tornou-se adolescente. Fez a arte de agradecer seu cálice diário e a de questionar seu pão de cada dia. Homenageava a existência, agradecia ao sol e à chuva, ao riso e as lágrimas, ao drama e à comédia. Seu olhar capturou um jovem de mãos calejadas. Pesadas toras, atritos das ferramentas o tornaram tosco por fora, mas não lhe furtaram a sensibilidade por dentro. Enamorou-se.
Coração palpitante, emoção borbulhante, seria mais um casal que construiria uma simples história. Mas quando pensavam que iam cair nos braços um do outro, subitamente o amor foi interrompido. Todo amor passa por testes, o deles, era quase insuportável. 
Recolhida em seu pequeno aposento, reclinava-se relaxadamente sobre um colchão rústico de palha batida. Sua cabeça repousava sobre um travesseiro de maciez irregular. Sonhava com seu futuro. Para ela, uma vida sem sonhos era uma emoção sem aventura, uma mente sem criatividade. Sonhava com seu romance, sua casa, seus filhos e com as estratégias para sobreviver. Os pesados impostos romanos massacravam as esperanças de seu povo. 

IMPACTO EMOCIONAL

Quando velejava nas águas da imaginação, uma misteriosa personagem invadiu seu aposento. Seu coração palpitou, seus pulmões, sedentos de oxigênio, dispararam, seus olhos, assombrados, se estatelaram. Deveria bater em retirada, mas, para nosso espanto, ficou. Seu corpo gritava "Fuja!", mas sua mente implorava "Fique!". Recebeu o mais espetacular dos convites. Não havia letras douradas nem papel refinado. Um convite oral, endereçado a seus ouvidos, aos recônditos de sua mente. O mensageiro inferiu que o Artesão da existência, Aquele que ela procurava nas estrelinhas de seus pensamentos realizou um concurso, com milhões de participantes. Reis, rainhas, nobres, plebeus, ricos, miseráveis, filósofos, iletrados, teólogos, leigos, enfim, milhões de participantes. Era um concurso de beleza, no entanto, da mais fina delas: a beleza interior. A beleza que o tempo não apaga, que o poder não domina, que o dinheiro não compra e que o culto à celebridade jamais pode seduzir. 
"Tu és a favorecida. Eis que engravidarás e dará à luz um filho. Ele será grande e será chamado de Filho do Altíssimo". Ela seria a mulher mais famosa da história, a mulher das mulheres, a mais elogiada e mais querida. Seu brilho varreria as gerações, sua história seria contada nas artes. Seria, inclusive, a única mulher exaltada em  prosa e verso no Alcorão. Mas a fama não a seduzia. Sob os olhos da psicologia e da filosofia, jamais se viu uma jovem com uma mente tão discreta e contemplativa. 

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