OBS: A foto representa várias fases minhas antes de eu me converter, a foto maior é a única que me representa nos dias atuais.
Vamos lá...
Não me lembro ao certo da primeira vez que comecei a ser
racional - ou pelo menos dar coerência aos meus pensamentos -, mas tenho
relances de diversas épocas da minha vida, por exemplo: no natal dos meus 8
anos eu me perguntei “ será que eu sou viva mesmo? Será que eu existo de
verdade, ou isso tudo que eu estou vivendo agora é apenas uma amostra do que eu
viveria se eu estivesse viva... Será que eu um dia vou acordar e ver que morri
a tempos atrás e que estava apenas vendo como seria a minha vida?” Me recordo que
nessa hora eu estava brincando com um conjunto de “Poli” que eu havia ganhado,
e de repente essa pergunta me pegou desprevenida. Nunca contei diretamente isso
para nenhum dos meus familiares, a verdade é que eu acho que apenas duas
pessoas em todo esse mundo sabem disso, mas o que quero mostrar é que desde cedo
eu questionava certas coisas que não condiziam com a minha idade ou com a minha
realidade. E não demorou para que cenas como
essa se repetirem na minha história.
Eu perdi meu pai, ele morreu antes de eu nascer. Não o
conheci, mas tudo o que sei sobre o seu respeito me fazem ter orgulho de ser
filha de um homem como ele era. Mas isso é nos dias atuais, porque durante
muito tempo eu não me conformei por não ter pai, e acho que é compreensível
demais, até porque é super estranho para uma criança ver os pais de seus
amiguinhos nas datas comemorativas e depois olhar para o lado e ver seu tio...
Quem já viveu isso sabe exatamente como é a sensação de ausência paterna, e
isso é só um exemplo chulo da falta que um pai faz na sua vida. Senti e sinto
até hoje muito, mas o amor de Deus vem me completado a cada dia, a cada momento
da minha vida.
Eu não me dou bem com a minha mãe, nem um pouco bem. Eu
tento, eu tento muito e só Deus sabe o que eu já tentei fazer para que as
coisas dessem certo, só Ele viu quanta dor eu aguentei pensando no bem estar de
outro e não no meu. Eu não me arrependo de ter tomado algumas decisões, porque
hoje eu vejo que elas influenciaram para o bem estar psicológico de alguém, que
é minha irmã que atualmente completou oito anos. Foi muito difícil tomar certas
decisões, me ver obrigada a conviver com alguém que me ama e paralelamente
demonstra em atitudes que não me suporta, mesmo eu nunca tendo feito nada para
receber isso. “Me ama e me odeia”, mas eu nunca soube se essa é a expressão
correta. Não é todo mundo que Aguenta, parece muito fácil, mas a tortura, a
agonia, a dor, tudo isso foi diário, contínuo. Eu não tinha um pai, e não
tenho, mas eu queria ter pelo menos uma companheira, alguém que ficasse comigo,
me apoiasse, fosse minha amiga, eu só queria uma mãe. Eu amo minha mãe, de
verdade, eu a amo muito, e é esse amor que faz com que doa tanto tudo o que eu
recebo dela. Eu a perdoei pelo que fez no passado, mas ainda machuca porque
muitas atitudes se repetem, e preciso ter paciência e entender que ela não
encontrou o caminho de Deus ainda e que só Ele sabe quando isso irá acontecer,
ou quando ela irá aceitá-lo.
Apesar de não ter a minha mãe, eu sempre tive a minha avó,
que é tudo para mim. Ela é a minha linda, o meu amor. Minha avó me criou quando
eu era pequena e ficou comigo até os meus nove anos, que foi quando minha mãe
resolveu me pegar para morar com ela. Foi a pior fase da minha infância. Eu era
muito acostumada com a minha avó, e ela comigo, mas minha mãe me tirou de lá a
força, me obrigou a ficar. Eu nunca mais fui a mesma depois disso. Eu lembro e
todos os choros que chorei sozinha, das vezes que eu pedi um carinho a ela, que
eu fui chorando até ela porque eu queria um colo e logo em seguida ela me
ignorava, mandava eu “crescer”, dizia que eu já era muito grande para ficar
chorando... Eu tinha nove anos, e fui proibida de chorar. Eu chorava no meu
quarto antes de dormir, na hora do banho, mas sempre escondida porque se ela me
visse a coisa ficava preta para o meu lado... Foram dois anos chorando de
saudade da minha avó, saudade da minha vida antiga... Foi uma das piores coisas
que eu já vivi até hoje...
Durante esses dois anos muita coisa mudou em mim, só que
para pior. Eu me tornei uma criança extremamente séria, eu brincava, ria, mas
era séria na maior parte do tempo. Eu não suportava intimidade com ninguém, por
conta disso não fiz muitas amizades na infância. Eu não queria ninguém perto de
mim, nem sabendo da minha vida, e muito menos queria que alguém soubesse de
verdade quem eu era. Esses fatos fizeram com que eu desenvolvesse na época
princípios de doenças psicológicas, como já era de se esperar.
Cresci e nem vi minha infância passar, não a vivi. Preocupei-me
mais em ser madura, avançada, até porque isso era me cobrado. Com 10 anos, de
acordo com a minha mãe, eu não era mais uma criança, já tinha que aprender a me
virar. Assim foi. A verdade é uma só: eu
não tive uma infância completa, a minha acabou aos nove anos...
Cheguei então na adolescência, época difícil para todos,
mais para uns menos para outros. Já entrei totalmente perdida nela. Comecei
errado, mas não vou terminar errado. Enfim, eu não tinha uma identidade, um
caráter, eu não aceitei receber isso, eu me revoltei com tudo o que eu havia
aprendido com a minha avó, eu questionei “como eu posso ser uma princesa nessas
condições?!” para mim era impossível, até porque eu ainda não havia conhecido a
Jesus. Anos foram se passando, e eu comecei a querer que todos me vissem de uma
forma diferente, então menti
sobre mim mesma. Disse que fazia coisas que eu não fazia, me envergonho demais
hoje disso tudo porque existem pessoas que até os dias atuais continuam
pensando que tudo o que eu disse era verdade, apesar eu já ter tentado me
explicar diversas outras vezes. Eu estava perdida... Ai reencontrei um colega
de colégio, o Luis... Ele é seis anos mais velho do que eu, e com o passar do
tempo nós namoramos... Ele tinha começado a se firmar mais na nossa igreja
atual, IADJ (Igreja Assembléia de Deus de Jacarepaguá), e me chamou para ir com
ele, e com umas duas idas, aproximadamente, eu aceitei Jesus... Mas não foi ai
que eu mudei... Recusei-me a contar sobre a minha vida, o meu passado, para ele,
e nós éramos namorados. Eu sentia tanta vergonha de tudo o que já tinha
acontecido que eu queria apagar e recomeçar, mas ele sempre me cobrou muito
isso, o saber sobre o meu passado. A vergonha era tanta que eu menti muito para
ele, muito mesmo, eu fiz de tudo para esconder o que já aconteceu comigo. A vergonha
às vezes nos faz ter atitudes que nós nunca pensamos. Depois de um ano causando
dor ao único homem que me demonstrou valor, que provou que me amava, ele se
saturou, não aguentou mais mentiras, perdeu a confiança em mim, e foi depois
disso que eu resolvi abrir o jogo. Falei tudo, mas era tarde. Ele já não
acreditava mais em mim. Assim, eu perdi a única pessoa que durante dezessete
anos demonstrou estar do meu lado. Faz
um mês que nos separamos, e hoje estou aqui, escrevendo sobre mim... Cometi
muitos erros na caminhada, neguei a Deus e neguei temor a Ele durante milhares
de vezes, e devido a minha desobediência e a minhas mentiras eu joguei fora,
sem perceber, tudo o que Ele havia me dado para recomeçar... Machuca muito
escrever cada palavra dita aqui, nesse exato momento estou desabando em choro,
mas a única coisa que eu peço a Deus do fundo do meu coração é que Ele cuide do
Luis, da família dele, da minha família e amigos, e que Ele cuide para que
ninguém passe por isso que eu passei, para que ninguém teime como eu teimei, e
para que ninguém se machuque com as próprias atitudes como EU me machuquei...
Eu oro para que você, que está lendo isso, não ignore o que
no fundo eu quero te dizer... Você pode concertar seus erros, mas cuidado com
algumas atitudes, porque estas podem gerar coisas irreversíveis, nas quais
futuramente você vai se arrepender... Não deixe que um medo acabe com tudo o
que Deus queria e pensava para você... Confia nEle, porque TUDO vai dar certo
no final!!!!! Jesus pode mudar sua vida, sua história, sua realidade, assim como Ele fez comigo!! Deus pode te tornar uma pessoa nova, basta VOCÊ querer ser uma.
Fiquem na paz de Cristo...
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